O senador Rogério Marinho (PL-RN) disse ao STF (Supremo Tribunal Federal) que Jair Bolsonaro (PL) não mencionou “de maneira nenhuma” a possibilidade de dar um golpe de Estado nos encontros que eles tiveram após a eleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República, em 2022.
Em uma reunião após a votação, conforme o parlamentar, Bolsonaro “agradeceu seus aliados e parabenizou os que haviam sido eleitos”. “O presidente falava de eleições do Congresso, da importância de termos presença no Senado”, disse Marinho nesta segunda-feira, 2.
O senador falou à corte na condição de testemunha do ex-presidente, acusado de cinco crimes relativos a uma suposta tentativa de ruptura institucional para impedir a posse de Lula e se manter no poder. Além de Bolsonaro, outras 30 pessoas estão sentadas no banco dos réus pela trama e podem pegar até 43 anos de prisão caso sejam condenadas.
O que disseram as testemunhas
Com a oitiva de Marinho, o Supremo concluiu a segunda fase do processo penal em que julga a trama golpista, que reuniu os depoimentos das testemunhas de defesa dos réus, conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Nesta condição, o brigadeiro Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica nos episódios investigados, confirmou a versão de que o almirante Almir Garnier, ex-chefe da Marinha, colocou as tropas à disposição de Bolsonaro para a ruptura, enquanto o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandava o Exército, alterou a versão dada à Polícia Federal e disse que não poderia interpretar as falas do ex-colega de comando.
O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, testemunha de defesa de Garnier, chegou a ser ameaçado de prisão por Moraes em razão da interpretação dada sobre a postura do almirante. Já Djairlon Henrique Moura, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, disse à corte ter recebido ordens do Ministério da Justiça para realizar blitzes em ônibus que trafegavam com destino ao Nordeste às vésperas da eleição, mas negou objetivos políticos.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foram ministros e se mantiveram próximos de Bolsonaro após a derrota eleitoral, negaram discussões sobre o golpe. “Tivemos várias conversas [após a eleição], jamais se tocou nesse assunto. Jamais mencionou ruptura”, afirmou Tarcísio, em um depoimento que durou cerca de oito minutos.
Fonte: IstoÉ