Ex-comandante da Marinha nega participação em plano golpista: “Me ative à minha função”

10 de jun. 2025 16h01

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, negou nesta terça-feira (10) qualquer envolvimento em uma suposta trama golpista para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Garnier afirmou que atuou estritamente dentro de seu papel institucional durante reuniões no Palácio do Planalto, nas quais o então presidente Jair Bolsonaro teria discutido o resultado das eleições de 2022 com membros das Forças Armadas.

“Eu era comandante da Marinha. Não era assessor político do presidente. E me ative ao meu papel institucional”, afirmou Garnier no segundo dia de interrogatórios do Núcleo 1 da investigação conduzida pela Polícia Federal.

Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o almirante é acusado de ter colaborado com um suposto plano de mobilização das Forças Armadas para impedir a posse de Lula em 1º de janeiro de 2023 — acusação que ele rejeita veementemente. Segundo Garnier, embora os encontros tenham tratado de segurança pública e da tensão nas ruas, não houve qualquer deliberação sobre golpe.

“A Marinha é extremamente hierarquizada. Seguimos o estatuto militar, que permite a um subordinado pedir, por escrito, que uma ordem considerada ilegal seja revista. Mas não houve nenhuma ordem nesse sentido”, declarou.

Garnier relatou que participou de uma reunião no dia 7 de dezembro de 2022 com Bolsonaro, o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, o comandante do Exército, general Freire Gomes, e outros assessores do governo, como o tenente-coronel Mauro Cid. Segundo ele, foram discutidos temas relacionados à segurança pública, inclusive a possibilidade de uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas sem apresentação de documentos oficiais ou propostas concretas.

“Não vi nenhuma minuta, não recebi nenhum papel. Houve apenas uma apresentação em tela, com tópicos sobre manifestações populares, caminhoneiros e insatisfação com o processo eleitoral. Mas nada foi detalhado”, disse o almirante.

Compartilhe: Compartilhar no WhatsApp Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no LinkedIn

Notícias Relacionadas