Os médicos do município de Natal decidiram, em assembleia realizada no Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed RN), paralisar os atendimentos neste 15 de julho (terça-feira). A mobilização é motivada pelas precárias condições de trabalho nas unidades de saúde da capital e pela estagnação das negociações salariais com a Prefeitura de Natal.
Durante a reunião, os profissionais relataram uma série de problemas estruturais e de atendimento enfrentados diariamente nas unidades de saúde. Entre os casos citados, estão a grave situação da rede de saúde mental, com pacientes psiquiátricos circulando livremente pelas UPAs, a falta de medicamentos, vazamentos em prédios durante o período de chuvas, e unidades com equipamentos deteriorados. Um dos relatos mais alarmantes aponta que gestantes precisam subir escadas e descer em macas na maternidade devido ao elevador quebrado, colocando vidas em risco. O Sinmed também recebeu denuncia de superlotação das UPAs e a ausência de leitos complementares e de UTIs, com pacientes aguardando por vagas por até um mês.
O sindicato tem feito visitas técnicas às unidades e constatado pessoalmente os problemas. Segundo a entidade, a situação do Hospital dos Pescadores e da Policlínica Zeca Passos é de total deterioração, sem condições de atendimento digno à população.
No aspecto salarial, as negociações com o secretário municipal de Saúde, Geraldo Pinho, iniciaram ainda em maio. A Prefeitura anunciou reajustes de 12,88% para o plano geral dos servidores, 6,27% para os professores e 5,47% para os trabalhadores vinculados ao Sindisaúde. Em reunião com o secretário, os médicos apresentaram a proposta de descongelamento das gratificações, que estão há mais de sete anos sem reajuste.
O Sinmed RN propôs uma recomposição salarial baseada nas gratificações congeladas, apresentando ao secretário uma tabela com sugestões de valores. Caso não fosse possível o reajuste integral, o sindicato sugeriu um modelo dividido entre aumento na gratificação e no salário base. Ainda assim, não houve retorno efetivo da gestão municipal.