A Câmara Municipal de Natal realizou, nesta quinta-feira (05), uma audiência pública para debater a situação da saúde mental no município.
De acordo com os dados da pesquisa Vigitel 2023, Natal ocupa o primeiro lugar entre as capitais do Nordeste com maior percentual de adultos diagnosticados com depressão: 13,2% da população adulta, o que representa aproximadamente 117 mil pessoas. Entre as mulheres, o índice chega a 17,3%, enquanto entre os homens é de 8,5%. Em apenas dois anos, a taxa saltou de 11,8% para 13,2%, revelando o avanço do problema.
A gravidade do cenário também se reflete no mundo do trabalho. Segundo o Ministério da Previdência Social, apenas em 2024 o Rio Grande do Norte registrou 8.043 afastamentos de trabalhadores por transtornos mentais. Desses, 2.525 foram motivados por ansiedade, 1.585 por depressão e 1.272 por depressão recorrente, além de casos de transtorno bipolar, esquizofrenia, dependência química e estresse agudo.
Essa realidade pressiona diretamente a rede de atendimento da capital. Dos 112 leitos destinados à saúde mental em todo o Rio Grande do Norte, 94 estão concentrados em Natal, o que representa quase 84% da estrutura hospitalar do estado. Como resultado, os serviços da cidade acabam absorvendo a demanda de pacientes vindos dos 167 municípios potiguares.
Durante a audiência, o auditor da saúde do município de Natal, Luiz Pires, apresentou um dado preocupante sobre a utilização dos leitos. Segundo ele, dos cerca de 200 leitos disponíveis, 51% são ocupados por pacientes de Natal e 49% por pessoas vindas de outros municípios. Muitos desses pacientes já receberam alta médica, mas permanecem internados por falta de acolhimento familiar ou rede de suporte nos municípios de origem.
Outro dado que chama atenção é a vulnerabilidade de crianças e adolescentes. Em 2022, foram registrados 1.194 óbitos por suicídio entre crianças e jovens no Brasil. A faixa etária mais afetada foi a dos adolescentes entre 15 e 19 anos, que representaram 84,29% desses casos. O uso excessivo de telas e a exposição a conteúdos nocivos nas redes sociais têm sido apontados como fatores de risco que intensificam sentimentos de isolamento, ansiedade e desesperança entre os jovens.
Diante de todas as falas das autoridades da mesa e dos representantes de várias instituições presentes, inclusive ligadas à dependência química, o Professor Cláudio Custódio ressaltou sua disposição para trabalhar pela causa e parabenizou a dedicação dos profissionais que atuam nos equipamentos de saúde mental.