Depois de uma curta trégua em janeiro, o IPCA, índice oficial de inflação, subiu 1,31% no mês passado, impulsionado pelo aumento da energia elétrica.
Trata-se da maior alta para fevereiro desde 2003, quando o indicador avançara 1,57%. O resultado veio em linha com as projeções e confirma um cenário de índice de preços acima do teto da meta, de 4,5% ao ano.
Na avaliação dos economistas, o Banco Central (BC) segue pressionado e deve cumprir a indicação de elevar os juros para 14,25% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, marcada para a próxima semana.
O índice acumulado em 12 meses ficou em 5,06%, o maior nível desde setembro de 2023, quando havia subido 5,19%.
Em janeiro, a energia elétrica teve queda de 14,21% e contribuiu para que o IPCA avançasse apenas 0,16%, em razão do bônus da usina de Itaipu, que resultou em um desconto na tarifa de todos os consumidores. Com o fim desse efeito, em fevereiro, a energia subiu 16,8%.
De acordo com Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, se o índice não considerasse o número da energia elétrica, o resultado da inflação de fevereiro ficaria em 0,78%, o que mostra o peso do item neste mês.
Na avaliação de economistas, além das incertezas no cenário doméstico, especialmente na política fiscal, é preciso levar em conta o cenário internacional, com idas e vindas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação à guerra comercial. Diante do quadro, analistas mantiveram suas projeções para a taxa básica de juros este ano.
— A visão é que a inflação está muito forte, e as medidas do governo podem continuar a elevando por causa de auxílios de renda ou impulsos ficais. Mas a nossa perspectiva de Selic não muda, com a reunião de março indo para 14,25% e depois 14,75%. E aí deve começar a ter uma queda de Selic no final desse ano — prevê Andréa, da Warren.
Fonte: O Globo